Palestra na Escola da Magistratura discute combate e prevenção às drogas
Evento, com o nome “Justiça, Drogas e Políticas Públicas”, foi realizado na manhã desta quinta-feira (2) e teve participação da especialista em dependência química, Maria de Fátima Padin
Evento ocorreu no auditório da Escola, no bairro do Farol, em Maceió. Foto: Pedro Neto
“Eu vi uma luz no fim do túnel”. Foi assim que a coordenadora de uma escola no Cepa, Aparecida Ferreira, saiu da palestra promovida no auditório da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal) sobre “Justiça, Drogas e Políticas Públicas”, nesta quinta-feira (2).
Aparecida estava angustiada com a situação das mães e pais dos alunos de sua escola, que diariamente convivem com filhos envolvidos com álcool e drogas. “O evento foi muito importante porque me permitiu ter uma luz, uma ideia para tentar mudar a realidade desses pais que sofrem tanto”, disse.
O evento fez parte do Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), coordenado pelo juiz Hélio Pinheiro Pinto, que, só neste ano, beneficiou mais de dois mil estudantes de 25 escolas públicas do Estado, em parceria com o Fórum Permanente de Combate às Drogas.
“A gente sabe que a política brasileira de combate às drogas não tem surtido grandes efeitos, tanto que a cada dia a gente vê um aumento da oferta e também do consumo, por isso é essencial tentar conscientizar a sociedade sobre os riscos disso”, afirmou o juiz Hélio Pinheiro. Para ele, promover debates sobre os riscos da dependência química é uma tarefa fundamental do Judiciário.
A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Alagoas, Fernanda Marinela, participou da discussão. “Cerca de 90% da criminalidade hoje está ligada direta ou indiretamente às drogas e o trabalho preventivo é a grande saída. Não teremos como conter essa situação se não trabalharmos de forma preventiva”.
Panorama
A doutora em Ciências pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista em dependência química, Maria de Fátima Padin, foi a palestrante de honra do dia. Utilizando o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), ela fez um panorama sobre o consumo dessas substâncias no Brasil, entre os jovens.
Segundo o último LENAD, realizado em 2012, o álcool é a substância psicoativa mais usada por jovens entre 14 e 18 anos e a maconha é a substância ilícita mais utilizada. Ainda de acordo com o estudo, quase seis milhões de brasileiros já usaram cocaína, 3% deles adolescentes, o que representa 442 mil jovens. O consumo de crack no Brasil é o maior do mundo e o País ainda representa o segundo maior mercado de cocaína do planeta.
Para Maria de Fátima, a prevenção é a forma mais indicada de combater a dependência química. “Nem todos os jovens bebem, mas os que bebem, bebem muito e isso é a porta de entrada para outras substâncias. O álcool é vendido deliberadamente em todos os estabelecimentos, não há uma fiscalização efetiva e esse é o maior método de prevenção que pode existir em um estado”, explicou.
Ainda segundo ela, é preciso mudar a forma como a sociedade e os governos lidam com as políticas sobre as drogas. “Hoje em dia, o foco está na dependência química. Precisamos dar um passo atrás e ampliar o nosso olhar para uma coisa que é, em tese, mais fácil de ser combatido, que é prevenir o uso”.
Para tentar reduzir esses índices, a solução apresentada passa por uma participação maior da sociedade também durante a discussão da elaboração de políticas públicas no Estado. “Esse momento é quando se discutem as metas que o governo estipula para serem seguidas e elas são feitas em audiências públicas que pouquíssimas pessoas participam”, disse o deputado estadual Rodrigo Cunha.
“Quando olhamos para os recursos destinados e vemos que, para 2016, quase 90% desse valor é voltado para o tratamento de pessoas que já estão no mundo das drogas, percebemos o quanto é importante a mobilização de toda a sociedade para tentar mudar essa realidade”.
Pedro Neto - Dicom TJ/AL
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