“Eu já sofri muito bullying na escola e ainda machuca lembrar esses momentos. Apesar de tudo o que já passei, o meu pensamento evoluiu e eu sei que tanto as pessoas que são agredidas, quanto as pessoas que provocam e machucam, precisam de ajuda”, disse Rayssa Pinheiro, de 15 anos, emocionada. A jovem faz parte do grupo formado por 30 alunos da rede pública que se destacaram no concurso de redação, promovido pelo Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), e que foram contemplados com kits escolares durante solenidade realizada nesta segunda-feira (13), no auditório da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal). 

    Para a professora da escritora mirim, Ana Márcia Montenegro, que leciona Língua Portuguesa na Escola Municipal Kátia Assunção, esta foi uma boa oportunidade de os alunos refletirem  sobre mediação de conflitos e a promoção da paz, tema da quinta edição do concurso. “O ambiente na escola pode ser muito hostil e vários alunos acabam sofrendo em silêncio. Espero que, a partir de agora, os alunos levem o que aprenderam para a vida e que isso contribua para uma mudança efetiva”, afirmou.

    Na oportunidade, estudantes das escolas estaduais Mota Trigueiros e Edmilson Pontes fizeram intervenções artísticas e mostraram para todos os presentes um pouco do conhecimento adquirido durante as palestras e atividades organizadas pelo PCJE. “Nossa apresentação é uma forma de protesto contra todos os atos violentos praticados contra as mulheres. Escolhemos esse tema porque é uma vergonha que em pleno século XXI o machismo ainda seja tão forte em nossa sociedade”, afirmou Esthefanny Luana da Silva, de 15 anos, sobre a performance pensada por ela e seus companheiros de turma.

    Alunos realizaram intervenção artística durante cerimônia de premiação (Foto: Rebecca Bastos) 

     Daniel Camilo da Silva Filho, de 15 anos, foi outro adolescente que se destacou e conquistou o primeiro lugar na competição entre os alunos das escolas estaduais. Acompanhado pela mãe, além do kit escolar, recebeu um tablet das mãos do juiz Anderson Passos, coordenador de Projetos Especiais da Escola da Magistratura. “Participar desse concurso é uma motivação a mais para continuar estudando e me aperfeiçoando por meio da leitura e da escrita”, contou.

     “O programa é um primeiro passo, uma forma de incentivar os adolescentes para que eles continuem lendo e estudando. O importante para nós é saber que isso não é o fim, e sim a comemoração pelos resultados alcançados durante o ano. E hoje estamos presenteando os vencedores com os tablets que foram doados por empresas que patrocinaram esse momento e tornaram isso possível”, disse o juiz Anderson Passos.

     Representando o diretor da Esmal, desembargador Fernando Tourinho de Omena Souza, o coordenador geral de cursos da instituição, juiz Alberto Jorge, presidiu a mesa de honra composta pelo juiz Anderson Passos, pelo secretário executivo da Esmal, Rafael Ribeiro de Albuquerque, pelos professores Luciano Barbosa, Genilma Barros, Ana Deyse Dória, Ana Márcia Montenegro, e pelo aluno Ezequiel dos Santos.

      “É muito gratificante participar do encerramento das atividades de um projeto tão importante como este. Nós conseguimos ver através dos depoimentos dos estudantes que estamos transformando, ainda que de forma pequena, determinadas realidades. O trabalho desenvolvido pela Esmal é louvável e as parcerias com o Estado e o Município de Maceió são fundamentais para que tudo isso aconteça”, falou o juiz Alberto Jorge.

    Além do prêmio de melhor redação entre as instituições estaduais, o colégio Edmilson Pontes também teve o trabalho desenvolvido pelo corpo docente da escola reconhecido durante a cerimônia. O professor de Língua Portuguesa, Fernando Lima dos Santos, também foi contemplado. “O premio de hoje é o reflexo de toda dedicação e trabalho realizado em sala de aula. Assim como a vitória do Daniel também é fruto do esforço dele para estar sempre aprendendo. A semente que plantamos está germinando e já estamos colhendo bons frutos”, contou Fernando dos Santos.

      O projeto é organizado PCJE em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed) e com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc). Em 2017, 10 escolas da rede pública foram atendidas, 21 turmas contempladas e 9.533 estudantes participaram das ações.