Coronavírus 26/05/2020 - 18:03:01
Juíza Fátima Pirauá fala sobre os desafios da adoção tardia em live do TJAL
Adotantes precisam parar de idealizar crianças e conhecer as que estão nos abrigos esperando por uma família

Live conduzida pela repórter Mara Almeida está salva no Instagram @tjal.oficial Live conduzida pela repórter Mara Almeida está salva no Instagram @tjal.oficial

Para celebrar o Dia Nacional da Adoção, comemorado nesta segunda-feira (25), o perfil oficial do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) no Instagram realizou uma live, conduzida pela repórter Mara Almeida, com a juíza Fátima Pirauá sobre os desafios da adoção tardia. Também participaram o casal Andrew Rodrigues e Yvan Silva, com o filho Felipe, além da psicóloga Fátima Malta, da 28ª Vara Cível da Capital.

Para a juíza Fátima Pirauá, a demora na fila de espera que os pretendentes enfrentam é devido ao perfil de crianças que eles escolhem. Segundo a magistrada, em Maceió existem quase 200 inscritos no Sistema Nacional de Adoção, mas apenas oito crianças disponíveis para adoção com menos de seis anos de idade. "Esse é o perfil desejado pela maioria das pessoas.  A demorar é o perfil, a criança que a pessoa idealizou é diferente da criança real que existe nos abrigos. Sabemos que quem quer adotar já tem um amor preparado para dar, mas gostaríamos que elas abrissem mais o coração para crianças mais velhas e adolescentes", destacou a juíza.

A juíza falou sobre a experiência exitosa com a campanha Adoções Possíveis, que no ano passado gravou vídeos com crianças e adolescentes contando um pouco da história de cada um, possibilitando a adoção de alguns e uma reinserção familiar. Outro projeto realizado pelo TJAL e destacado pela magistrada foi o Apadrinhamento, que pode ser social, com prestação de algum serviço para a criança ou para o abrigo, financeiro, que envolve o custeio de algum curso ou escola, por exemplo, ou afetivo.

"O apadrinhamento afetivo traz para as crianças o convívio familiar, sem compromisso de adoção. Mas esse convívio já resultou em adoções em algumas situações. Quando elas levam para conviver em casa, costumam se apaixonar pela criança ou adolescente. Quando esses apadrinhamentos acabam sendo um veículo para adoção, nós ficamos muito felizes. A partir da convivência forma um laço de afetividade tão forte que acabam querendo ser pais da criança ou do do adolescente", contou.

Ainda na tarde desta segunda-feira, a juíza Fátima Pirauá debateu o tema com o juiz Geraldo Humberto Alves, em live promovida pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

Primeiro casal homossexual a adotar em Alagoas

A repórter Mara Almeida também conversou com Andrew Rodrigues e Yvan Silva, o primeiro casal homossexual a adotar uma criança em Alagoas. Hoje com nove anos de idade, Felipe conseguiu que os pais atendam a um pedido muito especial: ter um irmãozinho para brincar.

"Ele pediu um menino para jogar bola, brincar com ele e estamos voltando para a lista de espera. Falamos com uma assistente social e ela vai nos passar como está sendo o processo de adoção nesse contexto da pandemia", revelaram.

Por último, a psicóloga Fátima Malta falou sobre a importância do Grupo de Apoio à Adoção que realiza encontro mensal com pais adotivos, pretendentes cadastrados no sistema e quem ainda está pensando em adotar. Por enquanto, as reuniões em grupo estão suspensas devido ao isolamento social imposto pelo novo Coronavírus, mas os participantes estão sendo acompanhados individualmente de forma virtual. 

Quanto ao apadrinhamento afetivo ou mesmo para o processo de adoção, a psicóloga Fátima Malta alerta que os interessados apresentem uma rotina normal para as crianças e adolescentes. "A gente recomenda muito que eles não encham de presentes, é para oferecer uma vida real. Todos os dias não tem pizza em nossa casa, nem todos os dias tem presentes. Com o tempo e a idade, esses pedidos vão aumentando e quando não se dá, há problemas", disse.

A live está salva no perfil @tjal.oficial e pode ser conferida na íntegra. Interessados em adotar ou apadrinhar podem mandar suas dúvidas para o e-mail vcivel28@tjal.jus.br .


Robertta Farias - Dicom TJAL

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