O Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) promoveu, nesta segunda-feira (8), uma capacitação com as psicólogas e assistentes sociais lotadas para atuarem na Casa da Mulher Alagoana. Por meio de videoconferência, profissionais que atuam na instituição de Mato Grosso do Sul que serviu de inspiração para Alagoas explicaram como funcionam os trabalhos e tiraram as dúvidas das participantes.

Tai Loche, coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, revelou que a pandemia potencializou a violência sofrida pelas vítimas que são atendidas em Campo Grande (MS). "Se antes o agressor dava duas facadas, agora ele dá 17. A antes era um tiro, agora são sete, e a maioria no rosto, porque se a mulher sobreviver ninguém vai querer ficar com ela", exemplificou. 

A coordenadora também explicou que os atendimentos em Mato Grosso do Sul aumentam consideravelmente nas segundas-feiras e pós feriados prolongados, devido ao consumo de álcool e drogas por parte dos agressores.

A assistente social, Ana Maria Ferreira, explicou que deve haver uma preocupação dos profissionais de fazer a vítima se sentir verdadeiramente acolhida e atendida quando procurarem por ajuda na Casa da Mulher. ''Nós trabalhamos a especificidade do atendimento, da escuta qualificada da mulher, pois é o setor psicossocial que realiza essa primeira escuta, para que possa direcionar o atendimento dessa mulher para os demais órgãos como delegacia, Juizado, ou Defensoria. Então, nós trabalhamos os detalhes desse atendimento, dessa escuta que necessariamente precisa ser humanizada”, falou.

O desembargador Tutmés Airan de Albuquerque, idealizador do projeto em Alagoas, compareceu à capacitação, realizada de forma online e presencial, agradeceu o apoio oferecido pela Casa da Mulher Brasileira e se colocou à disposição das psicólogas e assistentes sociais para ajudar no que for possível  no trabalho delas. A juíza Fátima Pirauá, diretora da casa, também esteve presente no curso.

Pela manhã, Salete Beltrão conduziu uma oficina com as psicólogas e assistentes sociais. A atividade buscou sensibilizar e preparar as profissionais para iniciarem, ainda este mês, os atendimentos na Casa da Mulher Alagoana. 

Para a assistente social Yngrid Lins,  a capacitação foi importante para deixá-las a par do que encontrarão na instituição e o que deverão fazer para atender todas as demandas das mulheres vítimas de violência doméstica.

''Na parte da manhã, tivemos uma capacitação mais voltada para a forma como deveremos conduzir nossa atuação profissional. Como a Casa da Mulher Alagoana é inspirada na Casa da Mulher Brasileira, agora a tarde estamos tendo contato direto com a equipe de lá, tirando dúvidas de como vão ser os fluxos de atendimento, quais procedimentos temos que tomar quando os encaminhamentos chegarem'', disse.  

Segundo a coordenadora da Casa da Mulher, Érika Lima, as assistentes sociais e psicólogas irão identificar o tipo de violência a vítima recebeu e vão conduzir para o próximo atendimento dentro da casa. ''A capacitação é muito  importante para que as equipes estejam  aptas a realizar o melhor atendimento possível às vítimas, para que elas possam contar as histórias delas, já que quando chegam violentadas, nem todas querem falar sobre a violência que vem sofrendo há 10, 5 anos ou que acabou de acontecer'', falou.