Especial 13/08/2009 - 17:57:12
“Lei que proíbe entrada de celular em presídios é simbólica”, diz juíza
Legislação pode provocar aumento na demanda de processos nos Juizados

Maria da Graça Gurgel, juíza da 2ª Vara Criminal da Capital Maria da Graça Gurgel, juíza da 2ª Vara Criminal da Capital Caio Loureiro

     “Em Alagoas, não é no sistema prisional que se encontra a criminalidade organizada, que por sua vez é detentora de um poder de fogo muito grande capaz de inibir a eficiência da Justiça. Acredito que a Lei possa ter um efeito simbólico e imediatista, onde o poder maior será no aumento de criminosos, já que muitos violadores possivelmente serão primários, e pouco contra o crime organizado”, afirma a juíza titular da 2ª Vara Criminal da Capital, Graça Gurgel, sobre a lei que criminaliza o uso de telefone celular nos presídios.

     Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 6 de agosto, a Lei 12.012 considera como crime a entrada, sem autorização judicial, de telefone celular ou aparelhos clandestinos de comunicação em presídios. Com pena de três meses a um ano de prisão, legislação provoca questionamentos em relação ao aumento do número de processos nos Juizados Especiais Criminais.

     Segundo informações da Intendência Geral do Sistema Penitenciário (Igesp), o número de apreensões de celulares nos presídios alagoanos sempre foi elevado. Cerca de 245 aparelhos foram apreendidos só no ano passado. A expectativa é que o rigor da nova lei iniba a ação de quem tenta facilitar a entrada clandestina desses aparelhos.

     O procedimento utilizado para a revista dos visitantes permanece com o mesmo rigor, porém conta com o novo sistema eletrônico. Ele foi implantado para dar maior garantia a qualidade dessa fiscalização. As unidades prisionais agora contam com aparelhos de raios-x e detectores de metais portáteis e fixos.

     Esses instrumentos irão inibir a forma mais comum da entrada desses aparelhos de comunicação clandestinos: através da genitália feminina. Também são encontrados aparelhos em roupas de visitantes e até em fraldas de bebês. Para analisar a validade da Lei no Estado, a Justiça está realizando um esboço preliminar dos primeiros efeitos da legislação. A ação visa garantir a eficácia das vitorias nas penitenciárias, controlando também o aumento dos processos nos Juizados.

     Para a juíza Maria da Graça Marques Gurgel, a instituição da lei transmite à sociedade a idéia que o criminoso envolvido no crime organizado não poderá comandar sua quadrilha dentro da prisão, entretanto, atenta para outros questionamentos. “Sem dúvida a Lei garante à população uma aparente tranquilidade. Porém, sua aplicabilidade irá gerar um aumento na demanda de processos dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Isso porque, o visitante que for pego portando celular vai passar a responder judicialmente”, ressalta.

     Outro ponto levantado pela magistrada é no que se refere a efetividade da Lei. Segundo Maria da Graça Gurgel a legislação aparenta uma eficiência simbólica e pensamento simplificado.