Mulher 08/03/2022 - 14:00:53
Dia da Mulher: Judiciário alagoano abre espaço para protagonismo feminino
Dos 3.232 servidores, 1.633 são mulheres; diversos setores, gabinetes e unidades judiciárias contam com equipes compostas majoritariamente por mulheres

Servidoras do DCA, responsáveis pela contratação de bens e serviços para todo o Judiciário de Alagoas. Foto: Caio Loureiro Servidoras do DCA, responsáveis pela contratação de bens e serviços para todo o Judiciário de Alagoas. Foto: Caio Loureiro

Da estagiária à chefe, o Departamento Central de Aquisições (DCA), do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), é exemplo de setor composto exclusivamente por mulheres. Ao todo, são 16 servidoras atuando no departamento, que é responsável pela execução dos procedimentos referentes às contratações de bens e serviços para todo o Judiciário alagoano.

De acordo com a Diretoria de Gestão de Pessoas (DAGP), o Judiciário tem em seu quadro 3.232 servidores, sendo 1.633 mulheres e 1.602 homens. Dos 147 magistrados na ativa, 42 são mulheres (pouco mais de 28%). No segundo grau, o número é ainda menor. A desembargadora Elisabeth Carvalho é a única mulher entre os atuais 16 desembargadores do TJAL e tem uma equipe jurídica composta apenas por mulheres.

Kátia Diniz, diretora do DCA e presidente das comissões de Obras e de Licitações, contou que, desde quando chegou ao TJAL, no final de 2002, percebeu, em diversas ocasiões, o espanto das pessoas que participavam das licitações presenciais quando percebiam que as comissões só tinham mulheres como membros.

Kátia Diniz compõe o quadro do TJAL desde o final de 2002 e atualmente é diretora do DCA. Foto: Caio Loureiro

"Nos certames, participam aquelas grandes construtoras, que enviam seus melhores funcionários. Nós mostramos que dominamos os assuntos e o conhecimento técnico da nossa equipe garantiu o respeito de todos. Eu nunca presenciei falta de respeito de nenhum deles", revelou.

É neste departamento estratégico para a gestão do TJAL que se inicia a fase interna com o levantamento de preços para estimativa do custo e o enquadramento da despesa, com a identificação quanto à modalidade de licitação ou hipótese de contratação direta.

"Na minha trajetória, tanto como membro, tanto na atribuição de diretora do departamento, nunca tivemos problema em relação a isso. Acho que também é devido à forma que a mulher se posiciona, hoje a mulher no cargo de direção é muito respeitada", comentou Kátia Diniz.

A diretora do DCA também destacou o espírito de equipe, empenho e capacitação que o departamento possui, segundo ela, qualidades necessárias para sempre alcançar as metas e objetivos traçados. 

"Nós somos muito unidas. Desenvolvemos um verdadeiro espírito de equipe e os resultados estão aí. Nós fazemos parte do Sistema de Gestão da Qualidade e fomos um dos setores que conseguiram trazer para o TJAL o ISO 9001", orgulhou-se a servidora.

Data é oportunidade para reflexão

Analista judiciária há mais de sete anos, Andréa Santa Rosa lembra que o Dia das Mulheres deve ser tratado como uma oportunidade de reflexão sobre o caminho da igualdade, as conquistas já alcançadas e também para os cuidados com os retrocessos.

 Andréa Santa Rosa destaca que a data é necessária para refletir sobre as lutas e conquistas das mulheres. Foto: Cortesia

A data foi estabelecida pelas Nações Unidas para lembrar que, no ano de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, que ganhavam menos de um terço do que os funcionários do sexo masculino, entraram em greve para reivindicar redução no horário de trabalho de 16 para 10 horas. Na ocasião, 130 mulheres morreram queimadas em virtude da greve.

"Muitas vezes, o Dia da Mulher é um pouco desvirtuado. Acabou que a data ficou algo muito comercial, ficou aquela ideia de que as mulheres são lindas e dão conta de tudo. Parece ser um elogio, mas funciona até como uma forma de opressão, com a ideia da mulher guerreira quando ela é sobrecarregada, não tem a divisão de tarefas", frisou a servidora.

Referências femininas dentro do TJAL

Quando a analista judiciária Kirley Leite, que exerce o cargo de chefe de secretaria da 19ª Vara Cível da Capital há 19 anos, fala sobre pessoas que admira e trabalham no Poder Judiciário alagoano, sua lista é repleta de mulheres. Colegas de função em outras varas, em setores administrativos e servidoras que já trabalharam em várias áreas da Justiça alagoana fazem parte do rol de inspirações para ela e outras mulheres.

"A Karina Nakai é mestre em Direito e trabalha no TJAL, a Bianca Cavalcante é uma pessoa a quem sempre recorro quando tenho alguma dúvida, Cleonice Carvalho, servidora antiga do TJAL e chefe de secretaria de uma vara exemplo de produtividade na área de família, Raquel Ventura que também era chefe de secretaria e agora está no TJAL. Todas elas são mulheres por quem nós realmente temos muita admiração e em quem nos espelhamos. Nós não precisamos mais buscar referências nos homens", exemplificou a analista judiciária.

Kirley Leite, chefe de secretaria, se espelha em outras servidoras do Judiciário alagoano. Foto: Frame TV Tribunal 

Kirley revelou que, durante sua experiência profissional, pôde acompanhar com alegria o aumento do número de mulheres dentro do Judiciário e nos cargos de chefia.

"Temos colegas que estão separadas e dão conta dos filhos sozinhas, de suas casas e exercem o trabalho perfeitamente. Vivemos entre estudos, porque queremos progredir no Plano de Cargos e Carreiras, manter nossa saúde mental e física, além de dar conta de todas as nossas obrigações de trabalho", destacou. 

A chefe de secretaria conta com o trabalho de seis mulheres e dois homens no cartório da unidade judiciária. "O que muitos falam em toque feminino, eu digo que é a busca pela harmonia que nós temos, o cuidado para que tudo esteja em paz e corra bem. Acho que quando a gente está com a equipe toda bem, temos uma produtividade muito maior", finalizou.  


Diretoria de Comunicação - Dicom TJAL - RF