“Em briga de marido e mulher, se mete a colher sim", diz advogada em ação do PCJE
Anne Caroline Fidelis ministrou palestra sobre violência contra a mulher para estudantes de escola estadual
Foto: Mauricio Santana
“Ao falar de violência, falamos de desigualdade. Vivemos numa sociedade na qual a mulher sempre é posta em posição inferior ao homem, tendo que aguentar calada situações de violência. Essa realidade precisa mudar e só vai mudar com informação”. É o que disse Anne Caroline Fidelis, advogada e membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), em palestra organizada pelo Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), nesta quarta-feira (20).
A ação foi direcionada a estudantes da 1ª série do ensino médio da Escola Estadual Professor Silveira Camerino, que faz parte do Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa), localizado no bairro do Farol.

Os alunos e um professor durante a palestra da advogada Anne Caroline Fidelis. Foto: Mauricio Santana
A advogada iniciou a palestra explicando que existe uma disparidade de gênero na sociedade da qual decorre que, mesmo com todos os direitos conquistados pelas mulheres até o momento, como o direito ao voto e o ingresso no mercado de trabalho sem a permissão do marido, muitas situações de opressão persistem.
“Antes, era quase natural pensar que ao entrar num ônibus lotado seríamos apalpadas. É absurdo, mas por muito tempo foram deixando isso passar. Felizmente, isso vem sendo desnaturalizado com o passar do tempo”, disse Anne Caroline.

A advogada Anne Caroline Fidelis ministrando a palestra sobre violência contra a mulher. Foto: Mauricio Santana
A advogada também explicou sobre os estereótipos de gênero, expondo alguns conceitos preconcebidos como “típicos de mulher”, como maior gasto com cartão de crédito, mais tempo fofocando e contando mais mentiras, práticas que, segundo pesquisas, são mais feitas por homens. A advogada falou ainda sobre a divisão sexual do trabalho, que sobrecarrega mulheres com funções domésticas que podem ser executadas também por homens.
Ao tratar sobre violência, Anne Caroline afirmou que a violência de gênero é um reflexo da desigualdade social e que a maioria das formas de violência ocorrem de maneira “invisível”.
“Aquela piada machista, aquela propaganda que trata mulheres como objetos, personagens estereotipados, chantagem emocional e culpabilização da parceira, tudo isso são formas de violência. Somos orientados a achar que violência só pode ser física, quando deixa marca visível, mas não é bem assim”, disse a advogada.

A advogada Anne Caroline Fidelis e um professor da escola explicando a temática aos alunos. Foto: Mauricio Santana
Explicando sobre violência doméstica, Anne Caroline disse que essa forma de violência acontece em determinado espaço e é marcado por vínculos afetivos ou familiares. Ela disse ainda que a cada dez mulheres assassinadas no Brasil, sete são vítimas de homens com quem tinham algum tipo de relação afetiva, sendo o Brasil o quinto país com maior número de feminicídios.
“Dizem que em briga de marido e mulher, devemos meter não só a colher, mas a colher, o garfo e o que for necessário, pois ninguém vive em situação de violência porque gosta. Geralmente existe alguma situação de dependência financeira ou emocional, então essa mulher precisa ser ouvida e compreendida”, explicou a advogada.
Anne Caroline encerrou o debate informando os números para entrar em contato nos casos de violência doméstica: a Central de Atendimento à Mulher (180) e a Polícia Militar 190. Ela também orientou os estudantes a divulgarem as informações que tiveram acesso durante a palestra.
“O espaço escolar é um ambiente privilegiado de debate e reflexão. É uma grande oportunidade de debater temas dessa natureza, pois possivelmente esse jovens não teriam acesso em outros espaços”, finalizou a advogada.
Mauricio Santana - Ascom Esmal/TJAL
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