Padrinhos contam suas experiências durante 12º Encontro Estadual de Adoção
Juiz Ygor Figuerêido revela que o principal objetivo do programa de Apadrinhamento é proporcionar uma vida digna às crianças e aos adolescentes
Padrinho dos irmãos Paulo e Alexandre, de 8 e 12 anos, o artesão Felipe Camilo contou, na noite desta quarta-feira (24), durante o 12º Encontro Estadual de Adoção, um pouco sobre o vínculo já estabelecido com as crianças a partir do programa de Apadrinhamento do Poder Judiciário de Alagoas. O evento segue sendo realizado no Maceió Shopping até sexta-feira (26).
“Eu levo eles para passear todos os finais de semana, com responsabilidade de pai mesmo e pretendo adotar os dois. A gente se diverte, faz tudo junto, eu ensino as coisas para eles e eles me ensinam muito também. Não vejo a hora de pegá-los na sexta e não devolver mais para o abrigo”, revelou o padrinho.
Apesar de ser comum o desejo de adotar os afilhados, o juiz Ygor Figueirêdo, coordenador estadual da Infância e Juventude, alertou que o principal objetivo do programa é proporcionar uma vida digna às crianças e aos adolescentes para que eles desenvolvam suas habilidades sociais, tendo suporte para uma reinserção na sociedade depois que saírem da situação de acolhimento.
“As pessoas que apadrinham, a princípio, não devem ter o interesse em adotar [o afilhado]. Quem vai para o programa de Apadrinhamento é, normalmente, quem não tem o perfil que usualmente se busca, porque criança de até seis anos vai direto para a adoção. Crianças maiores e adolescentes são inseridas no Apadrinhamento quando não tem famílias habilitadas, mas, às vezes, não estão aptos para adoção”, informou.
Segundo o magistrado, alguns pais ou familiares perdem o poder familiar devido a algum problema e os filhos são recolhidos pelo Estado, mas ainda é possível que eles consigam reaver a guarda. Nesses casos, a criança ou o adolescente é incluído no programa de Apadrinhamento para receber apoio naquele período e não para gerar uma adoção.
“Como normalmente quem está no Apadrinhamento não tem o perfil mais procurado para adoção, se ele já estiver apto, o padrinho vai conseguir adotar. Mas ela não pode apadrinhar com o pensamento de adotar, não é esse o intuito. O objetivo é proporcionar uma vida sadia para aquela criança e adolescente, para que ela tenha uma escola melhor, um tratamento de saúde ou para que ela tenha conhecimento de como funciona uma família, o vínculo familiar, para quando chegar na vida adulta tenha esse valor social com ela”, esclareceu.

Psicóloga Fátima Malta, padrinhos que compartilharam suas experiências e o garoto Pedro Vinicius. Foto: Adeildo Lobo
O professor Geraldo Quirino apadrinhou três crianças diferentes antes de adotar seu filho Pedro Vinícius, de 11 anos, que não foi seu afilhado. Ele também foi um dos participantes do encontro que deu um depoimento sobre a importância do programa para mudar a realidade das crianças e como o curso para habilitação no Cadastro Nacional de Adoção e o Grupo de Apoio foram fundamentais para o início da sua família.
“Estou muito feliz, faria tudo de novo, o processo é burocrático sim, mas é necessário. Foram dois anos de preparação até a chegada do Pedro, é o que chamamos de gestação na adoção. Vai fazer um ano que ele está comigo e mudou a rotina totalmente da casa, a rotina dele, até ele se adaptar à nova realidade. A gente passa por todos os processos que o curso fala, mas que não prepara 100%, quem prepara é o dia a dia. A cada dia é um novo desafio para a gente superar”, contou o pai orgulhoso.
Ao ser questionado se esperava que o pai fosse tão legal, Pedro Vinicius respondeu prontamente que sim. Para ele, Geraldo atingiu todas as suas expectativas. “Eu me sinto muito feliz nessa vida nova que estou tendo agora. Eu me sinto muito alegre e feliz”, declarou o menino.
Antes da palestra sobre o Apadrinhamento, os participantes do encontro realizaram uma roda de conversa sobre o tema "Puerpério na adoção".













