Mulher 05/03/2024 - 13:51:57
Conheçam um pouco das histórias das juízas Luana Freitas, Amine Mafra e Ana Florinda
Magistradas do Judiciário alagoano revelam os principais desafios durante a carreira e suas realizações pessoais

Arte: Dicom TJAL Arte: Dicom TJAL

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) apresenta a série ‘Mulheres que Inspiram’. Nesta matéria especial contaremos um pouco da história de três juízas: Luana Freitas, Amine Mafra e Ana Florinda Dantas.  

A aprovação no concurso público para exercer um cargo relevante para a sociedade, os desafios enfrentados para impor respeito e a rotina pesada do trabalho com o tempo de qualidade com a família são alguns dos pontos destacados pelas magistradas. 


Luana Freitas

Há 13 anos, Luana Freitas assumia a Comarca de Mata Grande, alto Sertão de Alagoas, e de lá para cá já atuou em diversas unidades judiciárias espalhadas por todo o estado.

A vocação para a magistratura surgiu quando estagiou em um gabinete de juiz e percebeu que era aquilo que queria para o resto de sua vida. Mas a aprovação no concurso público não seria o único desafio a ser enfrentado.

Juíza aos 28 anos, ela percebeu que durante o exercício de sua função, algumas vezes precisou falar de forma mais firme para assegurar sua autoridade.

“As mulheres, quando ocupam espaços de poder e falam com assertividade, são normalmente tachadas de ‘muito brava’, de ‘louca’, o que é um comportamento que normalmente já se espera dos homens. Não se escuta falando isso sobre os colegas homens”, falou.

Membro da Coordenadoria Estadual da Mulher do TJAL, Luana Freitas destaca seu orgulho de atuar contribuindo para diminuir a desigualdade de gênero e a violência que é fruto dessa desigualdade. A magistrada destaca que além da representatividade é necessário lutar por igualdade.

“Mulheres ocupando espaços de poder é importante, não só pela representatividade, mas também como fator de mudança. Somente transformando as estruturas de poder eminentemente machistas, é que é possível que muitas outras mulheres alcancem esses lugares”, disse.


Amine Mafra   

Aprovada no concurso aos 28 anos, Amine Mafra também conta que precisou se impor mais para que fosse respeitada. Para ela, ainda é comum as pessoas estranharem uma mulher jovem em um cargo com tanta responsabilidade, mas que a realidade vem mudando ao longo dos anos.

\"Com passar dos anos vemos a distribuição entre homens e mulheres de uma forma mais igualitária. O movimento natural é a mulher ocupar o seu espaço, sendo mais valorizada e mostrando que, tal como homem, ela pode desempenhar qualquer tipo de função\".

A magistrada, hoje casada e com planos de se tornar mãe, conta que primeiro se dedicou aos estudos antes de querer constituir sua própria família, uma vez que teria mais facilidade para mudar de lugar.

Apesar de ter seguido o que atualmente é visto como padrão pela sociedade, Amine Mafra defende que a mulher não deve deixar esse fluxo ser um obstáculo para realizar os seus sonhos.

“Acho que a mulher tem que escolher o que ela quer. Se quiser ser mãe logo, casar logo e depois seguir uma carreira, se dedicar mais aos estudos ou ao trabalho, a opção é dela. A mulher tem que ser livre para escolher qual o caminho quer seguir”.

A magistrada também não esconde o orgulho que sente das mulheres que optaram seguir um caminho diferente do dela e conseguem se destacar no mercado de trabalho.

“A mulher tem que ser feliz e realizada. Se quiser primeiro ter seus filhos, constituir sua família e se dedicar a ela para depois buscar a parte profissional: ótimo. E o inverso também”, completou. 


Ana Florinda

A também baiana Ana Florinda Dantas ingressou no Poder Judiciário em 1999, após se mudar para Alagoas e desistir de voltar para sua terra natal com a família.

Casada com o então juiz federal Francisco Wildo Dantas, e, na época, já mãe de dois dos seus quatro filhos, ela deixou a carreira de procuradora, em Salvador (BA), para se dedicar à magistratura alagoana.

Além de sua função de julgar, a Ana Florinda também se dedica ao trabalho social com o Núcleo de Promoção à Filiação (NPF), criado após uma pesquisa como professora do Cesmac. O NPF já garantiu o reconhecimento de paternidade, sem burocracia, de milhares de pessoas.

“Sempre fui dedicada a todas as coisas que abracei na minha vida. Mas minha prioridade sempre foi a minha família. Eles são o meu tesouro, a minha família é a minha maior conquista”, declarou a magistrada.

Apesar de deixar clara a relevância de sua família, Ana Florinda sempre foi reconhecida pela competência e responsabilidade com que conduzia seus trabalhos.

“Sempre me pautei por não usar meus filhos como justificativa para deixar de cumprir minhas obrigações. Tive quatro filhos, mas nunca faltei um júri, nunca utilizei licenças desnecessárias, sempre cheguei pontualmente e zelei pelo meu trabalho”, afirmou.

Este ano ela completa 25 anos de carreira e informou que não pretende se aposentar antes dos 75 anos porque sente que ainda tem muito para contribuir com a sociedade.

“Meu maior ganho é essa paz de espírito, saber que fiz o melhor que pude, não fiz tudo porque não se pode fazer tudo, mas que eu sempre me empenhei para fazer. Tenho muito orgulho de ser mulher, de ser juíza em Alagoas” finalizou.

 

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