“Nordeste é minha identidade”, afirma poeta finalista
Aluciano Martins retrata em “Sertanejamente” um pouco da vida no Sertão
Concurso Poesia em Cena premiará os melhores poetas no próximo dia 21 Esmal
Pernambucano, pai de três filhos, torcedor do Santa Cruz do Recife e fã de Luiz Gonzaga. Esse é o perfil do poeta Aluciano Martins, oficial de Justiça do Juizado Especial Cível e Criminal de Delmiro Gouveia e um dos doze poetas classificados para a final do Concurso Nacional Literário Poesia em Cena, promovido pela Assessoria Cultural da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal).
O autor concorrerá com “Sertanejamente”, um dos três poemas alagoanos classificados para a final, que acontecerá no próximo dia 21. Nele, o poeta faz um retrato da dura vida no Sertão nordestino, repleta de sentimentos antagônicos como a alegria e o sofrimento. A interpretação ficará por conta do ator baiano Ivan Rodrigues.
Aluciano, que também é formado em pedagogia pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb), diz ter começado a escrever poesia quando ainda era adolescente. “A poesia sempre foi meu refúgio e ponto de encontro com minhas raízes. Participar do Poesia em Cena tem sido uma grande alegria, porque através dos meus poemas posso expressar sentimentos de revolta e conformismo que permeiam o cotidiano do sertanejo”, revelou.
Sobre a iniciativa
O poeta aproveitou para falar da importância da iniciativa da presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento, que tem dado uma atenção especial à cultura. “Desejo que iniciativas com o Poesia em Cena e o Cine Esmal sejam projetos contínuos. Não podemos esquecer que a cultura é primordial na formação do ser humano”, declarou.
Confira na íntegra o poema “Sertanejamente”
SERTANEJAMENTE
Autor: José Aluciano Martins de Souza (Delmiro Gouveia/AL)
Intérprete: Ivan Rodrigues (Paulo Afonso/BA)
Fito a paisagem grafite
E a aridez desse chão
Dessa terra em preto e branco
De valentia e encanto
Que aqui chamamos de Sertão
Na flora mandacarus
Xiquexiques e quipás
Na fauna os rastejantes
Calangos e emigrantes
Raposas e carcarás
Casebre de pau-a-pique
A cadela, a procissão
A enxada e o jumento
Labutam no meu quinhão
No crepúsculo da jornada
Lavo o rosto na bacia
Pensamentos esquisitos
Me chegam no fim do dia
No fogão de lenha, às vezes
Tem preá com rubacão
No pote a água salobra
Da cacimba no oitão
Estrelas vazam o breu
Como se o perfumasse
Sinto lágrimas teimosas
Nas rugas da minha face
Perco o sonho olhando a serra
Vejo a noite que se enterra
E o “Astro Maior” surgir
Nosso sol arde brilhante
E encandeia o governante
Que muda a vista daqui
E cercado de beleza
Delírio e desilusão
Socializo a utopia
Que no meu peito alumia
Um viver sem gratidão.













