Eventos 05/04/2010 - 15:36:06
Leonardo Boff fala sobre o poder de decisão da mulher no campo social
Palestra na Escola da Magistratura encerrou programação do Judiciário para o Mês da Mulher

Um público estimado de mil pessoas assistiu à palestra de Boff Um público estimado de mil pessoas assistiu à palestra de Boff Caio Loureiro

     Encerrando as atividades culturais promovidas pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) em comemoração ao Mês da Mulher “Juíza Deolinda de Araújo Lima – Didi”, o escritor e sociólogo Leonardo Boff proferiu palestra na Escola Superior da Magistratura (Esmal), quarta-feira passada (31), quando defendeu o fortalecimento da posição feminina na tomada de decisões no campo social.

     Um público estimado em cerca de 1000 pessoas assistiu à abordagem do escritor sobre o tema atuação da mulher nas transformações sociais e na preservação da vida. Reconhecido pela autenticidade de sua obra, Leonardo Boff dedica os seus escritos às considerações sobre Teologia, Filosofia e Antropologia, e nos últimos anos tem se voltado à Ecologia e à conscientização para a preservação do planeta.

     A presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento, encarregou-se da apresentação do palestrante, destacando a importância de sua obra e sua contribuição para sociedade. Na ocasião, fez um resumo das atividades promovidas pelo Judiciário durante o Mês da Mulher, cuja programação constou de homenagens, palestras, apresentações musicais e sessões especiais. A desembargadora também falou de sua satisfação de ter assumido, justamente em março, o governo do Estado, tornando-se a primeira mulher a comandar os destinos de Alagoas, e de ter recebido o título de cidadã honorária de Maceió.

     Sensibilidade feminina

     Em sua palestra, Boff defendeu que à racionalidade masculina deve ser aliada a sensibilidade feminina. “A mulher deve ter poder de decisão e não apenas de participação social, porque a mulher carrega consigo a natureza do feminino, do cuidado com a vida, pois ela é criadora da própria vida”, afirmou.

     Exaltando a figura da mulher, o teólogo arrancou aplausos da platéia. “Todos os apóstolos traíram Jesus. Nenhuma mulher o traiu. Só por esse argumento a Igreja Católica deveria colocar a mulher no seu centro”, defendeu.

     Resgatando o planeta

     Antes da palestra, Leonardo Boff projetou um vídeo baseado na Carta da Terra – documento que o escritor ajudou a construir e que defende não só os Direitos Humanos mas o direito à vida em todas as suas manifestações.

     “No meu modo de ver é um dos mais importantes documentos da século XXI, porque pensa o planeta Terra, o aquecimento, a crise global e desloca o eixo do desenvolvimento sustentável para a sustentabilidade da vida, da biodiversidade. É necessário educar as pessoas para uma visão mais planetária onde os direitos não só são humanos – daí o antropocentrismo – mas os direitos da vida, de todos os seres e o respeito que cada realidade deve merecer por ter um valor próprio”, explicou.

     Boff concluiu a mensagem com alertas para a preservação do planeta. “Se nós não fizermos isso, corremos risco de enfrentar tragédias sociais e humanitárias. É importante se preocupar com a água, com o ar, com o aquecimento, com a preservação das sementes, porque há somente cinco empresas mundiais que estão privatizando todas as sementes e patenteando-as”, enfatizou.

     “A questão dos transgênicos e das grandes hidroelétricas, que produzem um impacto enorme sobre o meio ambiente, são as grandes questões que movem as bases e que muitas vezes não são cobertas pela mídia convencional e empresarial, mas é uma discussão que acontece na base com grande efervescência”, concluiu.