Especial 23/09/2010 - 17:37:19
Juizados Especiais: 15 anos aproximando a Justiça do cidadão
Alagoas possui 20 juizados estaduais distribuídos em nove municípios

Juizados da Capital recebem em média 200 processos por mês Juizados da Capital recebem em média 200 processos por mês Caio Loureiro/Dicom

     Maior conquista da população no que diz respeito ao acesso à Justiça garantido na Constituição, a Lei nº. 9.099/95, que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais (JECCs), completa 15 anos no próximo domingo (26). A legislação garante ao cidadão a solução de causas judiciais de forma gratuita, com mais agilidade, eliminando a burocracia e as formalidades da Justiça tradicional e prestigiando a conciliação com instrumento de pacificação de conflitos.

     O Poder Judiciário de Alagoas dispõe atualmente de vinte juizados especiais cíveis e criminais (JECCs) em sua estrutura, sendo 11 localizados na Capital e nove instalados no interior, nos municípios de Rio Largo, Penedo, Palmeira dos Índios, Delmiro Gouveia, São Miguel dos Campos, União dos Palmares, Arapiraca (duas unidades) e Santana do Ipanema.

     De acordo com dados da Assessoria de Planejamento e Modernização do Poder Judiciário, tramitam atualmente nos juizados especiais de Alagoas cerca de 53,1 mil processos, o que representa aproximadamente 11,4% do volume de demandas de toda a primeira instância (comarcas e varas), estimada em 463,2 mil ações. Em Maceió, a comarca que detém mais da metade dos juizados, esse percentual é de 11,07%, correspondentes a quase 36 mil processos de um total de 324,9 mil em tramitação nas varas e juizados.

     De acordo com dados fornecidos pela Coordenação de Juizados Especiais de Alagoas, de janeiro a julho de 2010, foram ajuizados cerca de 19 mil processos, julgados cerca de 15,8 mil e arquivados aproximadamente 29,2 mil ações. Cada uma das 11 unidades da Capital recebe uma média de 200 processos por mês, a maioria relacionados a operadoras de telefonia, instituições bancárias e empresas em geral, que representam setenta por cento da demanda estadual dos juizados.

     “A demanda traduz a credibilidade do cidadão nos Juizados Especiais. Eles são eficientes à medida que possibilitam a solução do litígio em tempo razoável, com ausência da formalidade e buscando a pacificação entre as partes mediante a conciliação. Quem já não ouviu a expressão ‘Vou procurar meus direitos nas Pequenas Causas?’. Isso consolida os Juizados Especiais como a maior conquista da população no que diz respeito ao acesso à justiça garantido na nossa Constituição" ressaltou a juíza.

     Ao longo dos últimos anos, os juizados alagoanos vêm sendo aprimorados para suportar o volume crescente de demandas. A virtualização dos processos em todas as 20 unidades do Estado é uma das principais conquistas, aliada à melhoria da estrutura física e material dos juizados.

     História dos Juizados Especiais

     Os Juizados Especiais foram criados devido a necessidade de encontrar métodos alternativos para conter a crescente demanda de processos surgidos a partir da década de 80. Nessa época, à Justiça comum era vista como a única forma de resolver os conflitos, mas os altos custos judiciais, a burocracia e a escassez de defensores públicos, por exemplo, impediam a população de prosseguir com suas ações.

     Para solucionar esse problema, a Lei nº 7.244/84 instituiu os juizados de pequenas causas, um embrião dos Juizados Especiais. Como a procura por esses órgãos foi muito grande, ocasionando um rápido crescimento das demandas judiciais, sobreveio a necessidade de se buscar uma alternativa capaz de suportar o volume de processos. Surgia assim os Juizados Especiais, órgãos que julgam ações cíveis de menor complexidade – limitadas a quarenta salários mínimos – e infrações penais de menor potencial ofensivo.

     "Nesses 15 anos temos muito que comemorar. A instalação dos Juizados Especiais significa o acesso a Justiça em sua forma mais ampla. A população pode entrar com ações judiciais com baixos custos e ter seus conflitos resolvidos em um menor espaço de tempo", destacou a juíza Silvana Lessa Omena.