Monja Coen Sensei: exercício de meditação com plateia antes de palestra em Maceió Caio Loureiro (Dicom - TJ/AL)

     “É uma grande honra para o Poder Judiciário poder proporcionar à sociedade alagoana a visita de uma pessoa com o espírito tão burilado como o da monja Coen Sensei”. Foi com estas palavras que a presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento, abriu a palestra da missionária budista na última quinta-feira (30), na Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal). Cerca de 500 pessoas prestigiaram o evento.

     Elisabeth Carvalho disse ainda que os integrantes da Justiça alagoana, cotidianamente, passam por experiências diversas onde os gestos, as atitudes, as palavras são julgadas e analisadas, muitas vezes erroneamente. “Vivemos em uma terra onde não se respeita a mulher pelo sussurro, só às vezes quando partimos pro grito. Quando isso acontece, ainda somos tidas como destemperadas, nervosinhas... A monja Coen é um exemplo de serenidade, de paz de espírito, e tem muito a nos ensinar nesse aspecto, para quem sabe, antes da nossa passagem para o outro plano, nos aperfeiçoarmos pelo menos um pouco”, contextualizou a desembargadora-presidente do TJ/AL.

     O objetivo da palestra da monja Coen Sensei na Esmal era promover a formação humanística de juízes, servidores da Justiça e público alagoano. A palestra “O Segredo da Felicidade e a Cultura da Paz e da Justiça”, foi antecedida por uma breve meditação, liderada pela missionária.

      Tradição Soto Shu

     Monja Coen Sensei é missionária oficial da tradição Soto Shu - Zen Budismo com sede no Japão e é a Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001, com sede em Pacaembu. Iniciou seus estudos budistas no Zen Center of Los Angeles - ZCLA. Foi ordenada monja em 1983, mesmo ano em que foi para o Japão aonde permaneceu por 12 anos sendo oito dos primeiros anos no Convento Zen Budista de Nagoia, Aichi Senmon Nisodo e Tokubetsu Nisodo.

     “Para que possamos colocar em prática a cultura da não violência, é preciso mudar a mente humana. Ser feliz tem muito mais a ver com o que você dá que com o que você recebe. É preciso haver uma mudança de percepção nas pessoas, fazendo com que elas parem de se preocupar só com os seus e passem a querer proteger os outros, os estranhos, os inimigos”, disse a monja em sua palestra.

     Ainda segundo a missionária, o aumento no índice de violência em todo o país é um problema de todos, não apenas dos governantes e do Judiciário, mas da coletividade. “Estamos todos conectados, homens e natureza, não só no plano físico, mas no espiritual também. Tudo é interdependente”, ressaltou.

     A missionária budista falou ainda sobre sua vida, suas escolhas e os contatos que fez ao longo de sua jornada com outros mestres, como Dalai Lama e outros monges de diversas nacionalidades.

      “A felicidade do ser amado é a minha”

     Coen Sensei finalizou sua palestras advertindo que “se o coração do ser humano não mudar, nada mudará. Nossos pensamentos são muito fortes e a maneira como pensamos o mundo é como ele se manifesta pra nós. Antes de querer melhorar na prática, é preciso fazer escolha de pensamentos”.

     Após a palestra, alguns participantes foram contemplados com exemplares do livro escrito pela missionária, “Viver Zen”, que autografou os exemplares e ainda respondeu algumas perguntas elaboradas pela plateia.