Esmal 01/12/2010 - 09:00:23
“Negrinha” encanta público em sua última apresentação em AL
Espetáculo encerrou programação do Projeto Esmal Cultural para o Mês da Consciência Negra

“Represento aqui todas as crianças que são privadas de sonhar”, diz atriz “Represento aqui todas as crianças que são privadas de sonhar”, diz atriz Caio Loureiro (Dicom - TJ/AL)

     Em sua última temporada em Alagoas, o espetáculo “Negrinha” lotou o Café Literário Marili Ramos, na Escola Superior da Magistratura de alagoas (Esmal), na última terça-feira (30). A peça encerrou a programação do Projeto Esmal Cultural para o Mês da Consciência Negra e foi aplaudida de pé pelo público, que se encantou com o monólogo vivido pela atriz Sara Antunes.

     Com cenário que lembra uma antiga casa de senhor de engenho, o monólogo convida o espectador a experimentar uma viagem pelo tempo e a se encantar com o deslumbramento da menina negra pelas cores. Para a atriz, a peça é um convite à reflexão sobre a exclusão social e o preconceito racial. “Eu represento aqui todas as crianças que são privadas de sonhar e de viver com dignidade, independentemente da cor da pele ou de qualquer outro tipo de preconceito”, explicou Sara Antunes.

     A peça

     Criada em 2007, com incentivo do Programa de Ação Cultural (PAC), o espetáculo surgiu da necessidade de fazer ecoar, pela voz baixa e frágil de uma menina, um momento crucial da história brasileira: o fim da escravidão. O monólogo evidencia um Brasil que a história oficial não relata, já que se trata da perspectiva de uma criança sem nome e sem futuro, aprisionada como um fantasma na casa grande.

     Baseado no conto homônimo de Monteiro Lobato e em relatos de Gilberto Freyre, “Negrinha” mistura as memórias e fantasias de uma criança negra e polemiza sobre o discriminação racial ainda existente.

     A peça foi dirigida por Luiz Fernando Marques, com direção de arte de Renato Bolelli Rebouças e coordenação de Paulo Mattos, e já percorreu diversos estados brasileiros, levando a história fragmentada de uma memória infantil. É a história de Negrinha, que tem afeição pelas cores, em especial pelas cores das pessoas.