“Devemos investir no 1º grau, que é o elo com a sociedade”
Ministra Eliana Calmon falou sobre CNJ, corrupção e destaca papel das corregedorias
Ministra Eliana Calmon falou para juízes alagoanos na manhã desta quinta-feira (19) Caio Loureiro (Dicom - TJ/AL)
“Algumas coisas precisam ser mudadas. É preciso que as corregedorias atuem não para prejudicar os juízes, mas para destacar o trabalho realizado pelos bons magistrados, que doam seus conhecimentos e realizam um excelente serviço para o Judiciário”. Foi neste tom que a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, iniciou sua palestra para os juízes alagoanos nesta quinta-feira (19).
Eliana Calmon, entre muitos assuntos, narrou um pouco da história do Poder Judiciário no mundo e no Brasil, destacando as mudanças internas no órgãos que integram a Justiça nacional ao longo das décadas. Segundo a corregedora nacional, o Judiciário brasileiro vive uma transformação, onde os magistrados estão deixando seus gabinetes e vivendo momentos de interação com o jurisdicionados, participando ativamente da vida da comunidade.
“O Judiciário lida com o coração da sociedade e esse coração é muito rico. Minha maior preocupação como corregedora é com a base, com os juízes de 1º grau, que estão vivendo os primeiros passos de suas carreiras e estão à frente dos combates. São eles que lidam diretamente com a comunidade, com os mais ricos e com os mais necessitados, e é justamente nessa base que o Judiciário precisa ter segurança”, disse Eliana Calmon.
Atuação do Conselho Nacional de Justiça
Explicando sobre o papel do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e as atuações diretas nos Tribunais brasileiros, Eliana Calmon explicou que o órgão chegou para tentar organizar e unificar a Justiça brasileira, priorizando práticas e rotinas que facilitem o trabalho, reduzam a quantidade de processos em tramitação e dê respostas mais céleres à sociedade.
“Quando o CNJ foi criado, havia um caos instalado no Judiciário. Eram 26 Estados com realidades completamente diferentes, em termos de vantagens, salários, despesas, problemas, práticas e rotinas de trabalho, administrações desorganizadas e irresponsáveis. O que fizemos foi tentar arrumar a casa e propor metas na busca de um nivelamento em todo o Brasil, especialmente para tentarmos traçar um panorama da realidade da Justiça brasileira”, explicou.
Atuação de juízes corruptos
Durante toda a sua palestra, a ministra Eliana Calmon falou sobre casos concretos que encontrou ao assumir a Corregedoria Nacional de Justiça e destacou que existem alguns juízes que só denigrem a imagem da Justiça, mas que há muitos mais que fazem de tudo para elevar o nome do Judiciário perante a população.
“Não é a atuação dos juízes corruptos que é o pior. O grande problema que enfrentamos é o silêncio dos bons juízes. É preciso que nos convençamos que o Poder Judiciário não é composto apenas por anjos. Temos alguns verdadeiros demônios que precisam ser excluídos do nosso quadro, e é por isso que temos sido muito severos em nossos trabalhos à frente da Corregedoria”, disse a ministra.
Metas do CNJ
Segundo a ministra Eliana Calmon, as metas nacionais estipuladas pelo CNJ superestimaram o Judiciário, que em todos os locais do Brasil possui carências nas estruturas de 1º grau, como número reduzido de servidores e equipamentos inadequados para uma boa operacionalização dos processos.
“Temos consciência que as metas do CNJ não estão sendo cumpridas em sua totalidade porque superestimamos as possibilidades do Judiciário. A estrutura de 1º grau está sucateada. Temos que investir exatamente onde temos nossas maiores falhas, que é no 1º grau, senão a Justiça não vai pra frente e não vamos resgatar a nossa auto-estima e a moralidade dentro do Judiciário”, concluiu Eliana Calmon.
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Flávia Gomes de Barros
Dicom TJ/AL
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